E AINDA QUEREM QUE ACREDITEMOS NELES
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A revista VEJA dessa semana traz uma preciosidade acadêmica de contornos antropológicos, morais e éticos jamais produzida em qualquer época. Com certeza um fato histórico inédito dessa conturbada humanidade. Algo que por seu alcance e grandiosidade merece registro com destaque no Guinness e transcrição na ata de uma Assembléia Geral Extraordinária da Organização das Nações Unidas (ONU) especialmente convocada para tomar conhecimento do feito. Para nós, nada mais que um “estudo” revelando algo estarrecedor: a elite é a parte mais nobre da sociedade brasileira. Segundo o levantamento publicado por VEJA, com dados estatísticos e tudo, a elite sustenta a credibilidade dos brasileiros. O povo, claro – a colocação é nossa – é a banda pobre da sociedade.
É preciso possuir pedegree para assimilar o conteúdo dos conhecimentos contidos na matéria da revista. Não é nenhum vira-latas como nós – o povo - que vai entender a profundidade de conhecimentos demonstrada pelos sábios “pesquisadores” que chegaram a essa constatação. Afinal, eles devem ter trabalhado dados até então desconhecidos dos demais pesquisadores pobremente treinados em academias formadas por ignorantes e certamente coletado essas informações convivendo longamente no santuário restrito que é o ambiente onde a elite se move. Tinham razão os antigos, quando privilegiavam uma casta limitada dando-lhe a conotação de entronada pela Divindade. A plebe era o resto, dependente das benesses da elite ou simplesmente – o grosso da população – constituído de escravos.
Sábia e sacrossanta revista, bandeira da liberdade de expressão e defensora da honra do cidadão e da dignidade brasileira; esteio das camadas estratificadas superiores da sociedade há mais de oitenta anos dominando este País; que convive com os meandros da criminalidade, por isso a conhece tão bem para denunciá-la assim com tanta autoridade. Porta-voz do capitalismo, força-motriz da globalização que socializa as perdas e privatiza os lucros, e em cujas garras e abaixo de cujos pés o povo tenta sobreviver.
Bendita elite brasileira, que não se deixou contaminar pelos vícios torpes, pelas taras ou deformações diversas ou pela corrupção da patuléia.
Maldito povo, que de mísero subjugado à escravidão, foi “libertado” pela condescendência da elite imperial, deixado-o ir embora, à própria sorte, e hoje chafurdando nesse mar de lama que corre sob seus pés, responde por todos os desvios éticos, morais, sociais, políticos, administrativos e pela bandalheira que impera em todas as instâncias de poder deste País. Povo corrupto, que assalta os cofres públicos, denigre o Parlamento, desacredita a Justiça; que enche os próprios bolsos com o dinheiro alheio; fecha os olhos às pistas curtas e escorregadias do aeroporto de Congonhas; que permite a proliferação de favelas onde o tráfico de drogas e armas envergonharia qualquer país sério. Triste nação, onde os Marcola – elite do crime organizado – ensina às autoridades como se poderia combater a selvageria do mundo infame das drogas e do contrabando de armas, não só nas 650 favelas do Rio de Janeiro como em todas as demais periferias deste imenso Brasil. Povo miserável, que aos trapos malcheirosos e de silhueta esquálida - pela fome crônica, perambula pelas ruas das grandes cidades, mendigando, e não tem vergonha da ojeriza e das náuseas que provoca na distinta elite, que só é elite “porque Deus assim o determinou”.
Xô Povo!
22.08.2007
(Arito reproduzido, pela similitude de fatos ocorridos nesses dias)
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